Ludmila Lins Grilo,
Manifestar publicamente uma opinião ou ideia que depois se mostrou equivocada pode, muitas vezes, levar o seu autor a buscar obsessivamente uma justificativa racional e palatável para o erro que cometeu, como forma de obter conforto mental e social.
Segundo Pascal Bernardin, a dissonância cognitiva é a contradição entre dois elementos da psique de um indivíduo, como, por exemplo, uma opinião proferida em descompasso com seus próprios valores, ou um sentimento em desacordo com o conhecimento que se tem de algo.
Praticado o ato em situação de dissonância cognitiva, o indivíduo tem a tendência de querer reduzi-la, modificando inconscientemente sua opinião original para ajustá-la mais precisamente ao ato que praticou.
Agir em oposição às suas convicções é colocar-se voluntariamente em situação de dissonância cognitiva, obrigando-se a racionalizar uma justificativa que, ao final, estará a uma enorme distância de sua condição psíquica autêntica e de seus valores originais. Um caminho sem volta.
Ludmila Lins Grilo
Juíza de Direito Tribunal de Justiça de Minas Gerais
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